No ofício enviado à coordenação do CAO-Eleitoral, o órgão cita possível “conduta vedada, propaganda irregular e abuso dos meios de comunicação social”
A Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) do Rio de Janeiro fez um pedido ao Ministério Público Estadual (MP/RJ) para investigar a veiculação, desde a última quinta-feira, de vídeos do presidente Jair Bolsonaro fazendo propaganda para candidatos que concorrem nas eleições municipais de 2020. Os promotores vão analisar o possível cometimento de ilícitos eleitorais pelo presidente no material divulgado em lives pelo presidente.
No ofício enviado à coordenação do CAO-Eleitoral, a procuradora regional eleitoral Silvana Batini solicitou a apuração por parte dos promotores eleitorais “vinculados à propaganda, conduta vedada e abuso no uso dos meios de comunicação social”.
O material inclui três links de veículos onde a live foi compartilhada. Segundo a assessoria de imprensa do MP, Silvana Batini quer que os promotores vejam o conteúdo dos vídeos e decidam sobre o efeito eleitoral, independente de onde foi replicado.
No material citado pela procuradora, Bolsonaro cita o tempo limitado de alguns candidatos na propaganda eleitoral gratuita na televisão e avisa aos espectadores que dedicará os primeiros minutos da live ao que chama de seu próprio “horário eleitoral gratuito”. Sobre a mesa onde está o presidente, aparecem dezenas de panfletos de candidatos a vereador e prefeitos em diversas cidades.
O presidente se dedica a apresentação de seus candidatos por quase 20 minutos, antes de dar continuidade aos anúncios sobre a agenda da semana. Entre os candidatos a prefeito exibidos por Bolsonaro estão o candidato à Prefeitura do Rio Marcelo Crivella (Republicanos), Bruno Engler (PRTB), que concorre à Prefeitura de Belo Horizonte, e renovou sua “aposta” em Celso Russomanno (Republicanos) para a prefeitura de São Paulo.
Para vereador, o presidente citou seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos) e Wal Bolsonaro, conhecida como Wal do Açaí, que concorre ao cargo de vereadora em Angra dos Reis. Na live, Bolsonaro voltou a negar que ela tenha sido sua “funcionária fantasma”.
A assessoria do MP também confirmou que questões como o pedido de votos em prédio público e a possível participação de servidores na operação da live serão objetos da apuração dos promotores nesta investigação.
Procurado, o Palácio do Planalto não se posicionou até a publicação dessa reportagem.
Com o Globo