_91221577_b926687a-be9c-445c-a5c0-e5023ade1bd9Na morte, Tiziana Cantone recebeu alguma da simpatia que lhe foi negada durante a vida.

A italiana já havia tentado se matar  duas vezes antes de fazer uma tentativa final na terça-feira, de acordo com a mãe, para quem a filha ficou psicologicamente abalada depois de lutar por meses para que um vídeo em que aparece fazendo sexo fosse removido da internet.

A polícia italiana deteve essa semana quatro homens, como parte da investigação. Tiziana, de 31 anos, tinha enviado o vídeo no ano passado para o ex-namorado e três outros homens, supostamente como retaliação pelo fim do namoro. Mas os homens postaram o vídeo nas redes sociais.

Mais de um milhão de pessoas assistiram às cenas de sexo. Tiziana se tornou alvo de piadas e abuso.

Ela se suicidou na terça-feira, na casa de uma tia, em Mugnano, cidade do sul da Itália próxima a Nápoles.

Promotores abriram uma investigação e os quatro homens poderão responder a processo por difamação – crime que pode ser punido com até três anos de prisão na Itália.

‘Direito ao esquecimento’

Depois que o vídeo viralizou, Tiziana deixou seu emprego e se mudou para a região da Toscana. Estava em meio a um processo de mudança de nome, mas a história continuava perseguindo-a.

A frase “Está filmando? Bravo”, que ela falou no vídeo, virou piada mas mídias sociais e foi até impressa em camisetas e canecas.

Tiziana tinha conseguido na justiça a retirada do vídeo de diversos sites, ferramentas de busca e mídias sociais, mas apenas depois de meses – tempo suficiente para que o vídeo fosse distribuído pela internet à exaustão. Mas a decisão do juiz também incluiu uma determinação para que a mulher pagasse 20 mil euros em custos processuais – algo que a mídia italiana chamou de “insulto final”.

Segundo o correspondente da BBC em Roma, James Reynolds, os italianos reagiram ao suicídio de Tiziana com uma mistura de choque e vergonha. “A morte dela provocou um debate sobre os efeitos da humilhação pública de jovens mulheres.”

Até o primeiro-ministro, Matteo Renzi, entrou no debate:

“É uma batalha cultural, social e política. A violência contra a mulher é um fenômeno que podemos erradicar.”

O enterro de Tiziana foi transmitido ao vivo pela TV, e a mulher que queria ser esquecida agora é lembrada por um país.

A família dela pediu que as autoridades façam justiça. “Queremos que o judiciário aja para que a morte dela não seja em vão”, disseram parentes à mídia italiana.

Com informações da BBC Brasil