Recentemente, na solenidade que marcou o lançamento do Projeto Igualdade de Gênero do TRT-RS, a presidente do Tribunal, desembargadora Beatriz Renck, explicou que os índices alarmantes de violência contra a mulher foram uma das principais motivações para o engajamento da Instituição nesta causa.
Abaixo são apresentado alguns dados extraídos de diferentes pesquisas, com o o objetivo de contextualizar esta realidade.
Pesquisa “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher”
Senado Federal, 2015. Estudo feito com 1.102 entrevistadas, de 27 Estados.
Acesse aqui a pesquisa completa
- 18% das entrevistadas revelaram que já foram vítimas de violência (aproximadamente uma em cada cinco) e 56% afirmaram que conhecem uma mulher que já sofreu algum tipo de violência.
- Quando perguntadas se já foram vítimas, veja quantas responderam “SIM”, de acordo com faixa etária, renda, escolaridade e ocupação:De 16 a 19 anos: 6%
De 20 a 29 anos: 12%
De 30 a 39 anos: 19%
De 40 a 49 anos: 22%
De 50 a 59 anos: 25%
60 anos ou mais: 20%Até Ensino Fundamental: 27%
Ensino Médio: 18%
Ensino superior: 12%Sem renda: 16%
Até dois salários mínimos: 19%
Entre dois e cinco salários: 20%
Entre cinco e dez salários: 12
Mais de dez salários: 24%Empregadas domésticas: 24%
Profissional liberal/autônoma: 23%
Servidora Pública: 16%
Empregada de empresa privada: 16%
Estudante: 15%
Aposentada/pensionista: 22%
Desempregada: 6%
- Em relação ao tipo de agressão sofrido pelas vítimas, a violência física foi a mais citada (66%), seguida da psicológica (48%), moral (31%), sexual (11%), patrimonial (6%) e todas (4%)
- Os principais agressores foram o marido ou companheiro (49% dos casos), e o ex-namorado, ex-marido ou ex-companheiro (21%)
- 26% das vítimas afirmaram que ainda convivem com o agressor
- 14% das vítimas confirmaram que ainda sofrem algum tipo de violência. Destas, 67% disseram que sofrem violência de vez em quando, e 23% afirmaram que sofrem violência semanalmente
- 63% das entrevistadas acreditam que a violência contra a mulher aumentou nos últimos anos
- Apenas 5% acreditam que a mulher é tratada com respeito no Brasil (42% não e 52%, às vezes)
- Para 75% das entrevistadas, a vítima denuncia o fato às autoridades na minoria das vezes. 19% acreditam que a vítima não denuncia e 5% acham que a denúncia ocorre na maioria das vezes
- O medo do agressor é apontado como principal motivo para a mulher não denunciar uma agressão, sendo citado por 74% das entrevistadas. Em segundo lugar, vem a dependência financeira, com 36%.
Pesquisa do Instituto Avon, em parceria com o Data Popular, com 2.046 jovens entre 16 e 24 anos
- 8% das jovens entrevistadas afirmaram espontaneamente que já foram vítimas de violência (semelhante ao resultado da pesquisa do Senado). Entretanto, quando estimuladas, a partir de exemplos de atos agressivos citados pelos entrevistadores, o percentual aumentou para 66% (ou seja, três em cada cinco)
- A mesma pesquisa também entrevistou homens: 4% admitiram espontaneamente que já praticaram violência contra a parceira. Quando estimulados, o percentual subiu para 55%.
Dados compilados no Dossiê Violência contra as Mulheres
Acesse: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/
- 5 espancamentos a cada 2 minutos (Fundação Perseu Abramo/2010)
- 1 estupro a cada 11 minutos (9º Anuário da Segurança Pública/2015)
- 1 feminicídio a cada 90 minutos (Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil – Ipea/2013)
- 179 relatos de agressão por dia (Balanço Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher/jan-jun/2015)
DESIGUALDADE NO TRABALHO
De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, referente a 2014, o rendimento médio da mulher, no país, era de R$ 1.480,00, enquanto o dos homens era de R$ 1.987,00. Ou seja, as mulheres recebem, em média, um salário equivalente a 74,5% do percebido pelos homens.
A pesquisa também mostra desigualdade na divisão entre horas semanais de trabalho e atividades domésticas.
Homens
Trabalho: 41h36min
Afazeres domésticos: 10h
Total: 51h36min
Mulheres
Trabalho: 35h30min
Afazeres domésticos: 21h12min
Total: 56h42min
A presença de mulheres em cargos de alta remuneração também é baixa no Brasil. Segundo levantamento do GPDG (Grupo de Pesquisas em Direito e Gênero) da Fundação Getúlio Vargas, realizado até 2012 com 480 empresas listadas na Bolsa, as mulheres ocupam apenas 7,7% dos cargos executivos.
Conforme o estudo “Women in Business 2015”, da consultoria Grant Thornton, 57% das empresas brasileiras não possuem mulheres em cargos de liderança – índice bem acima da média global, de 32%. A pesquisa foi feita com 5.406 empresas de diversos países, sendo 150 brasileiras. O Brasil ficou em terceiro lugar no ranking dos países que menos promovem mulheres a cargos de liderança, atrás de Japão (66%) e Alemanha (59%).
Fonte: Secom/TRT4